terça-feira, 22 de maio de 2012

Perigo absoluto



Os governantes portugueses têm por hábito e costume abusar do poder que lhes é confiado. Há situações perfeitamente intoleráveis. A de Miguel Relvas é insustentável.

Num país com outra cultura democrática o ministro Relvas já teria apresentado a sua demissão. Em Portugal, o que será necessário para devolver este cidadão a um lugar que esteja de acordo com a sua dimensão humana e política?

O anterior governo brindou-nos com alguns dos episódios mais sórdidos da nossa história recente mas só caiu de podre. O actual governo é de uma aridez absoluta. Ideológica e programaticamente infantil, tem nos seus elementos a prova provada de que, em democracia, qualquer um pode atingir lugares de responsabilidade para os quais não apresenta as menores qualificações técnicas nem humanas. Este governo é lamentável.

Numa época de crise absoluta somos aparentemente governados por um bando de “adultescentes”, nem adultos, nem crianças, que nos conduzem às cegas até à beira de um abismo político e social que, caso acabemos por nele cair, dificilmente dele voltaremos a sair.

O governo é miserável, o presidente da república não sabe ao que anda (alguma vez soube?). Todos juntos não valem nada quando se trata de cumprir as imposições da “troika” e de mais quem realmente manda e tem poder efectivo.

Vivemos tempos de perigo absoluto. O que será necessário para meter esta gente na ordem?

Cidadão Silvares

5 comentários:

the dear Zé disse...

um exemplo de cidadão!

Silvares disse...

Está enterrado até aos legumes!

cidadão cético escaldado disse...

Reparai que estamos perante um paradoxo. Quem tem o poder de meter esta gente na ordem, é ela própria, o que não será fácil, principalmente hoje em dia. Os grupos de e com poder defendem-se corporativamente. Não é por acaso que, quando muda o partido que forma governo, substituem-se logo muitas pedras chave da administração. Não é apenas para dar emprego com mordomias e bem pago aos amigos, é também para ter a retaguarda defendida no caso de algo correr mal.

Só poderíamos ter alguma garantia de os corruptos serem penalizados se as estruturas do estado mantivessem a independência de funcionamento, como modo e método de controle mútuo. Assim procurar-se-ia a transparência ética e política.

Quem, nos últimos anos tem defendido esta tónica, a não serem os cidadãos entalados pelas estruturas do poder.

Sobre o sr Relvas, para além das suas confusões confusas que poderiam causar confusão a um indivíduo distraído, não nos devemos esquecer que, antes de ser ministro, era uma tropa de choque do PSD, cujas intervenções públicas tinham como objetivo principal visível o impedir que os adversários falassem. Através da provocações e das táticas para atrapalhar o pensamentos dos outros, lá aparecia o sr. Relvas sempre que o tema era melindroso para o seu partido.

Que confiança à partida se pode ter num indivíduo assim? Tal como no José Lello do PS (para não dizerem que só aponto este governo). Estes indivíduos, quanto a mim nunca deveriam ser dirigentes partidários, quanto mais ministros!

Para acabar, vamos esperar um tempo e vamos ver tudo a prescrever, como de costume.

Silvares disse...

Estou convencido que, desta vez, a coisa vai estoirar, tipo borbulha de adolescente. Ou infecta ou fica, apenas um buraco, mas que não pode ser ignorada quando se olha para o espelho, disso não restam dúvidas!

cidadão cético escaldado disse...

Eu também acho, vai tudo estoirar... nas nossas ventas. A lama é tanta que já não se controla, de facto, mas o sistema judicial é célere e eficaz como uma lesma sem ranhoca, que não dá para tamanha procura. Oxalá não te enganes e que eu esteja completamente enganado, como acontece muitas vezes (como se pode observar, não me chamo Cavaco). Já não confio nas instituições há um tempo, apesar da agitação histérica que acontece em torno destes escândalos. O cidadãos atentos esbracejam e acabam sempre por afirmar "como é que é possível!?" querendo dizer que se atingiu o fundo. Mas surge sempre qualquer coisa ainda mais funda e depois outra e continua a haver espaço para isso e espaço para a impunidade. E os representantes políticos nos órgãos de comunicação, os ditos "formadores de opinião", espertos, vão dizendo coisas que a gente gosta de ouvir, que sim senhor pois claro, certo, é grave pois claro, inadmissível mesmo, como forma de desarmar e consolar quem é mais sensível e algo atento. Tentam construir a ideia que as instituições acabam por funcionar depois de expurgadas dos elementos corruptos. O problema é que eles andam aí e mantém influência e a porta entreaberta.

Já só consigo praticar a dúvida sistemática e o ceticismo de raíz. Ou seja, têm de me provar que são gente de bem, porque à partida os meus interesses e perspetivas são de outra ordem e a missão deles é dominarem o meu tipo de vida.

Qualquer dia ainda volto a reler os textos clássicos dos primitivos republicanos e de Marx. Hoje em dia devem conter coisas preciosas como as do Eça, quando satirizava a sociedade portuguesa.

Dorme descansado que os papões não estão debaixo da cama!