Os ministros do governo português e, principalmente, o nosso
presidente da república, não se cansam de dizer que Portugal é um bom aluno na
Europa.
Argumentam que, para merecer essa classificação, os políticos do nosso
país têm cumprido com zelo o programa de austeridade imposto pelas instituições
internacionais. Ou seja, para Cavaco, Passos Coelho, Paulo Portas e os
restantes responsáveis pela governação de Portugal, o bom aluno é aquele que
copia para o seu caderno aquilo que o mestre escreve no quadro e, em situação
de teste às suas capacidades, revela uma surpreendente capacidade para
reproduzir a lição.
O bom aluno não tem um rasgo de criatividade nem um lampejo
de inteligência. O bom aluno comporta-se como deve ser, veste-se a preceito,
lava-se bem atrás das orelhas e não revela o mínimo impulso de revolta.
Portugal é um bom aluno cuja principal qualidade é obedecer de forma canina à
voz do dono. Senta! Senta-se. Deita! Deita-se. Rebola! E Portugal rebola-se sob
o olhar sarcástico de quem lhe atira ossos como prémio de bom comportamento.
Ainda assim, nada garante que o bom aluno venha a ter uma boa nota no final. É
que, para esta avaliação, o comportamento, atitudes e valores não têm peso
nenhum. No final, o que vai contar são os resultados e, nesse domínio, a
atitude servil do bom aluno não conta. O que vai ser avaliado são as suas reais
capacidades de resolução de problemas. Nesse capítulo o nosso governo e o nosso
presidente não têm sido capazes de convencer muita gente.
Portugal será um
aluno capaz de passar muita graxa ao avaliador mas não me parece que o
avaliador se deixe embalar em cantigas. Bons alunos como este nem sempre se
safam e, bem vistas as coisas, merecem até um certo desprezo.
Cidadão Silvares
3 comentários:
Ao fim de 900 anos de boa aprendizagem já deveríamos ter formatura atestada com Summa Cum Laude. Parece que aos governates escapa o facto de alguns miúdos novos nos estarem, por poderes obscuros, a impedir a graduação através da imposição de um irrecuperável índice de retenção. Ou então somos mesmo burros!
só nos dão alegrias os nossos bravos, ilustres e exemplares dirigentes
Somos (enquanto povo) quem nos governa?
Enviar um comentário