domingo, 17 de junho de 2012

O bom aluno


Os ministros do governo português e, principalmente, o nosso presidente da república, não se cansam de dizer que Portugal é um bom aluno na Europa. 

Argumentam que, para merecer essa classificação, os políticos do nosso país têm cumprido com zelo o programa de austeridade imposto pelas instituições internacionais. Ou seja, para Cavaco, Passos Coelho, Paulo Portas e os restantes responsáveis pela governação de Portugal, o bom aluno é aquele que copia para o seu caderno aquilo que o mestre escreve no quadro e, em situação de teste às suas capacidades, revela uma surpreendente capacidade para reproduzir a lição. 

O bom aluno não tem um rasgo de criatividade nem um lampejo de inteligência. O bom aluno comporta-se como deve ser, veste-se a preceito, lava-se bem atrás das orelhas e não revela o mínimo impulso de revolta. 

Portugal é um bom aluno cuja principal qualidade é obedecer de forma canina à voz do dono. Senta! Senta-se. Deita! Deita-se. Rebola! E Portugal rebola-se sob o olhar sarcástico de quem lhe atira ossos como prémio de bom comportamento. 

Ainda assim, nada garante que o bom aluno venha a ter uma boa nota no final. É que, para esta avaliação, o comportamento, atitudes e valores não têm peso nenhum. No final, o que vai contar são os resultados e, nesse domínio, a atitude servil do bom aluno não conta. O que vai ser avaliado são as suas reais capacidades de resolução de problemas. Nesse capítulo o nosso governo e o nosso presidente não têm sido capazes de convencer muita gente. 

Portugal será um aluno capaz de passar muita graxa ao avaliador mas não me parece que o avaliador se deixe embalar em cantigas. Bons alunos como este nem sempre se safam e, bem vistas as coisas, merecem até um certo desprezo.

Cidadão Silvares

3 comentários:

CybeRider disse...

Ao fim de 900 anos de boa aprendizagem já deveríamos ter formatura atestada com Summa Cum Laude. Parece que aos governates escapa o facto de alguns miúdos novos nos estarem, por poderes obscuros, a impedir a graduação através da imposição de um irrecuperável índice de retenção. Ou então somos mesmo burros!

the dear Zé disse...

só nos dão alegrias os nossos bravos, ilustres e exemplares dirigentes

Silvares disse...

Somos (enquanto povo) quem nos governa?